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Eusébio e o Papado

Eusébio e o Papado

Eusébio de Cesaréia

 

PODEMOS CONFIAR EM EUSÉBIO DE CESARÉIA?

Por ThiagoDutra

A paz do Senhor a todos.

Um dos mais citados homens no tocante a sucessão episcopal, papado, e estadia de Pedro em Roma, por parte dos apologistas católicos: é Eusébio de Cesaréia, autor da conhecidíssima obra “História Eclesiástica”. 

Por vezes vemos os católicos recorrerem a ele quando querem argumentar a respeito da visão histórica de Roma, onde se apresenta Pedro como o bispo supremo da igreja católica romana - ICR. Eu mesmo me vali de suas citações diversas vezes, até decidir investigar a fundo se as informações que ele passa são coesas e o mais próximas possível da exatidão, principalmente na época que foram coletadas, e me espantei com o que descobri.

Como disse no meu último artigo, o fato de um pai da igreja dizer uma coisa, NÃO QUER DIZER QUE ELE ESTEJA CERTO SOBRE ISSO, os próprios católicos concordam com isso. Quando um pai da igreja faz um pronunciamento sobre determinado assunto, ele deve ser submetido a uma investigação criteriosa, se sobre a igreja, consultamos a história, se sobre doutrina, consultamos a Bíblia. E faremos isso agora, relacionado a Eusébio.

Todas as citações, incluindo cabeçalhos, foram tiradas da obra Católica História Eclesiástica, traduzida pela Editora Novo Século, aqueles que desejem conferir, basta baixarem o livro aqui.

Colocaremos em análise as principais passagens postadas pelos católicos pra defender suas teses, muitas vezes absurdas. Veremos se o citado historiador é verossímil em seus relatos. Vamos lá?


II
[Quem foi o primeiro que presidiu a Igreja de Roma]
1. Depois do martírio de Paulo e de Pedro, o primeiro a ser eleito para o episcopado da Igreja de
Roma foi Lino. Ele é mencionado por Paulo quando escreve de Roma a Timóteo, na despedida ao
final da carta. (HE, Livro III, Cap 2, verso 1)




Notem que o termo entre colchetes não foi posto mor mim, ele existe na própria obra católica da editora Novo Século, e eles confirmam que o PRIMEIRO a PRESIDIR, ou seja ASSUMIR O CARGO DE LÍDER DA COMUNIDADE ROMANA FOI (((LINO))), e quanto a isso, ele está absolutamente certo, o problema não é esse, é que existe uma pequena contradição aqui. Onde? 

Confiram:

8. Dos restantes seguidores de Paulo, está provado que Crescente foi enviado por ele à Gália; e Lino, que é mencionado na II carta a Timóteo indicando que se encontra com ele em Roma, já foi demonstrado anteriormente que foi designado para o episcopado da igreja de Roma, o primeiro depois de Pedro. (HE, Livro III, Cap 4, verso 8)

Ora meus caros, como pode isso? Se o PRIMEIRO foi LINO, isso quer dizer que Lino NÃO TEVE ANTECESSORES no episcopado da igreja em Roma, por motivos que apresentarei depois. Nosso foco aqui é demonstrar que Eusébio tenta ser o que não é, coeso em seus relatos, pois se Lino foi Bispo depois do martírio de Pedro e Paulo, isso não implica em dizer que PEDRO OU PAULO TENHA FUNDADO ESSA IGREJA ANTES DE LINO! Entenderam a falta de coerência?

Vamos a outra citação:


XIII

[De como o segundo bispo de Roma é Anacleto]

1. Depois de imperar Vespasiano durante dez anos, sucede-o como imperador seu filho Tito. No segundo ano de seu reinado, Lino, bispo da igreja de Roma, depois de exercer o cargo durante doze anos, transmite-o a Anacleto. Tito, que imperou dois anos e uns poucos meses, foi sucedido por seu irmão Domiciano.

(HE, Livro III, Cap 13, verso 1)


E mais uma vez, vemos afirmar-se que houve um SEGUNDO bispo de Roma, Anacleto, isso podemos confirmar até mesmo na biblioteca católica do New Advent: 

Chapter 13. Anencletus, the Second Bishop of Rome.
Traduzindo: ANACLETO/ANENCLETO, O SEGUNDO BISPO DE ROMA

Fonte: http://www.newadvent.org/fathers/250103.htm

Sendo que mais acima o mesmo diz:

Chapter 2. The First Successor to St. Peter in Rome.

Traduzindo: O PRIMEIRO SUCESSOR DE SÃO PEDRO EM ROMA

Surge mais um problema:


Ora, se Anacleto foi o SEGUNDO, e Lino o PRIMEIRO, que vaga sobra pra Pedro? NENHUMA! Quando o mesmo fala em (HE, Livro III, Cap 4, verso 8), o “primeiro depois de Pedro”, ele está esquecendo uma parte importante que é a narração BÍBLICA dos fatos históricos! A frase “primeiro depois de Pedro” é uma frase de efeito, que pega os leitores desatentos, senão, vamos aos fatos, observem esse relato:


XIV

[Da pregação do apóstolo Pedro em Roma]

1. A este Simão, pai e autor de tão grandes males, o poder malvado e odiento de todo bem, inimigo da salvação dos homens, destacou-o naquele tempo como grande adversário dos grandes e divinos apóstolos de nosso Salvador.

2. No entanto a graça divina e celestial veio em socorro de seus servidores, e somente com a aparição e presença destes extinguiu rapidamente o fogo ateado pelo maligno, e por meio deles humilhou e abateu toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus.

3. Por isso nenhuma maquinação, nem de Simão nem de nenhum outro dos que então proliferavam, prevaleceu naqueles tempos apostólicos: a luz da verdade e o próprio Verbo divino, que recentemente tinha brilhado sobre os homens, Florescendo sobre a terra e convivendo com seus próprios apóstolos, triunfava sobre tudo e dominava tudo.

4. Em seguida o mencionado impostor, como ferido nos olhos da mente por um ofuscamento divino e extraordinário quando anteriormente o apóstolo Pedro pôs a descoberto suas malvadas intenções na Judéia, empreendeu uma longa viagem para além do mar, e foi-se fugindo de oriente a ocidente, convencido de que somente ali seria possível viver segundo suas idéias.

5. Chegou à cidade de Roma, e com a grande ajuda do poder que nela se assenta, em pouco tempo alcançou tamanho êxito em seu empreendimento, que os habitantes do lugar chegaram a honrá-lo como a um Deus, dedicando-lhe uma estátua.

6. Não chegaria muito longe esta prosperidade. De fato, pisando em seus calcanhares, durante o próprio império de Cláudio, a providência universal, santíssima e amantíssima dos homens, levava sua mão em direção a Roma, como contra um tão grande flagelo da vida, o firme e grande apóstolo Pedro, porta-voz de todos os outros devido a sua virtude. Como nobre capitão de Deus, equipado com as armas divinas, Pedro levava do oriente aos homens do ocidente a apreciadíssima mercadoria da luz espiritual, anunciando a boa nova da própria luz, da doutrina que salva as almas: a proclamação do reino dos céus.

(HE, Livro II, Cap 14)

Ainda essa:


 

VI

[Lista dos bispos de Roma]

1. "Os bem-aventurados apóstolos, depois de haverem fundado e edificado a Igreja, puseram o ministério do episcopado em mãos de Lino. Este Lino é mencionado por Paulo em sua carta a Timóteo.”

(HE, Livro V, Cap 6, Verso 1)


Gente, Eusébio está sendo contraditório, TERRIVELMENTE CONTRADITÓRIO! 

Ele trabalhou de forma bastante aleatória. Assim ele escreve, por exemplo, que Clemente foi ‘o terceiro bispo de Roma’, depois de Lino e Anacleto. Conhecemos Clemente romano por suas cartas, mas nada sabemos acerca de Lino e Anacleto. Ninguém sabe donde Eusébio tirou esses nomes, trezentos anos após os acontecimentos.

Para dar consistência à sua tese de que Pedro é o primeiro papa, Eusébio escreve, no segundo livro (14, 6) de sua ‘História eclesiástica’, que o apóstolo Pedro viajou a Roma no início do reino de Cláudio, ou seja, por volta do ano 44.

O que os escritos do novo testamento dizem a esse respeito?

Nos Atos dos apóstolos (12, 17) se escreve que Pedro, em 43, saiu de Jerusalém e ‘foi para outro lugar’, sem especificar qual. Os mesmos Atos relatam que Pedro está em Jerusalém no ano 49, por ocasião da visita de Paulo. Nada se diz sobre a atuação do apóstolo entre 43 e 49. O mais provável é que ele tenha viajado à Samaria como exorcista, pois os Atos relatam sua disputa com outro exorcista, de nome Simão Mago, que atuava naquela região.

Talvez seja baseado nos relatos de Eusébio que pais como Agostinho de Hipona e Jerônimo equivocadamente afirmaram que os bispos romanos tiveram Pedro como seu antecessor.

Além disso há fatos a considerar, pois de acordo com o Concílio de Nicéia:

 

“Bispos, presbíteros e diáconos não se transferirão de cidade para cidade, mas deverão ser reconduzidos, se tentarem fazê-lo, para a igreja para a qual foram ordenados - Canon XV, Antigo Epítome

“Por causa da grande perturbação e discórdia que acontece, está decretado que o costume que prevalesce em alguns lugares contra o Cânon, deve ser completamente abolido, assim que nenhum bispo, presbítero nem diácono deve passar de cidade para cidade. E se algum, depois deste decreto do sagrado e grande Sínodo tentar tal coisa, ou continuar em tal caminho, seu procedimento deve ser totalmente anulado, e deve ser restaurado para a igreja onde foi ordenado bispo ou presbítero.”

Os presbíteros ou diáconos que desertarem de sua própria igreja não devem ser admitidos em outra, mas devem ser devolvidos à sua própria diocese. A ordenação deve ser cancelada se algum bispo ordenar alguém que pertence a outra igreja, sem consentimento do bispo dessa igreja. - Canon XVI, Antigo Epítome

Nem presbíteros, nem diáconos, ou qualquer outro inscrito entre o clero, que não tendo o temor de Deus ante seus olhos, nem considerando o cânon eclesiástico, serão indiferentemente removidos de suas próprias igrejas, devem por quaisquer outros meios serem recebidos em outra igreja, mas toda restrição deve ser aplicada para os restaura às suas próprias paróquias, e se eles não forem, serão excomungados. E se algum homem ousar secretamente raptar e em sua própria Igreja ordenar uma pessoa pertencente a outra, sem o consentimento de seu próprio bispo, apesar de ter sido alistado por ele à lista de clérigos da igreja que abandonou, que sua ordenação seja anulada.”

(Cânon XV e XVI do Concílio de Nicéia, 325 d.C)

 

Fontes: http://www.newadvent.org/fathers/3801.htm

            http://www.ccel.org/ccel/schaff/npnf214.vii.vi.html


Ou seja, nenhum Bispo poderia se transferir de uma igreja a outra, e se o fizesse seria excomungado, logo esses decretos por efeito DESCARTAM PEDRO DA LISTA DE PAPAS, pelo seguinte motivo:


2. Ao mesmo tempo adquiriram notoriedade Papias, bispo da igreja de Hierápolis, e Inácio, o
homem mais célebre para muitos ainda hoje, segundo a obter a sucessão de Pedro no episcopado
de Antioquia.

(HE, Livro III, Cap 36, verso 2)


Isso é confirmado por Inácio, Bispo de Antioquia e sucessor direto de Pedro, em sua carta à Igreja da Magnésia:

"Devemos, portanto, provar a nós mesmos que merecemos o nome que recebemos (=cristãos). Quem é chamado por outro nome além deste não é de Deus, pois não recebeu a profecia que nos fala a respeito disso: ‘O povo será chamado por um novo nome, pelo qual o Senhor os chamará, e serão um povo santo’. Isto se cumpriu primeiramente na Síria, pois ‘os discípulos eram chamados de cristãos em Antioquia’, quando Paulo e Pedro estabeleciam as fundações da Igreja. Abandonai, pois, a maldade, o passado, as influências viciadas e sereis transformados no novo instrumento da graça. Permanecei em Cristo e o estranho não obterá o domínio sobre vós" (Inácio aos Magnésios, Versão Longa, Cap 10)

Interessante que o mesmo não pode ser dito sobre a igreja em Roma, pois na carta aos Romanos, além de não mencionar que a mesma tivesse fundação apostólica, apesar de reconhecer as virtudes daquela igreja, Inácio não menciona nem o nome do Bispo de lá.

Suetonius Tranquillus, pagão, na Biografia do Imperador Cláudio, diz: “Judacos, impulsore Cresto, assidue tumultuantes Roma expulit”. Quer dizer: “O Imperador Cláudio expulsou de Roma os Judeus que viviam em contínuas desavenças por causa de um certo Cresto (Cristo). “

Ora, Cláudio foi Imperador desde o ano de 41 até 54. Logo, durante esses treze anos não era possível que S. Pedro residisse em Roma. No Capítulo 18 dos Atos dos Apóstolos, lemos que Paulo, depois do célebre discurso no Areópago, seguiu para Corinto, onde se encontrou com Áquila e sua esposa Priscila, recentemente chegados de Itália, pelo motivo de Cláudio Imperador ter mandado sair de Roma a todos os judeus. Ora, este encontro do Apóstolo deu-se no correr da sua segunda viagem apostólica, isto é, entre os anos de 52 a 54. Logo, ainda nesses anos Cláudio não permitia a permanência de judeus em Roma. Como ficaria lá São Pedro, que, como Apóstolo, devia necessariamente chamar a atenção geral sobre sua pessoa? Paulo só pode entrar em Roma por ser naturalizado Romano.

Já vi apologistas católicos usarem a desculpa de que Pedro não era judeu, e sim, cristão, mas um judeu convertido ao cristianismo NÃO DEIXA DE SER JUDEU POR CAUSA DISSO, e Pedro era ETNICAMENTE JUDEU. Essa desculpa não cola apologistas de Roma.

Ainda existe a afirmação que muitos apologistas se valem, dizendo ser de Eusébio, que diz:

“Pedro, de nacionalidade Galileia, o primeiro pontífice dos cristãos, tendo inicialmente fundado a Igreja de Antioquia, se dirige a Roma, onde, pregando o Evangelho, continua vinte e cinco anos Bispo da mesma cidade.”  (Crônicas de Eusébio Página 261 parágrafo 2) [1]

Os apologistas católicos dizem ser isto um magnífico testemunho de Eusébio, mas... Essa citação é pouco segura, pois na nota de rodapé da obra “Chronicle”, diz:

“In the PL, not in the Ms. there follows: Peter the Apostle founded the Church at Antioch, and there securing his (episcopal) throne, he sat (reigning as bishop) for 25 years"

(Nota de rodapé - Chronicle)

Traduzindo:

"No PL (Patern Language - Original) não no Ms. (Manuscrito) diz: Pedro, o apóstolo, fundou a igreja em Antioquia e ali assegurando seu trono (episcopal), ele sentou-se (reinando como bispo) por 25 anos."

Fonte: http://www.tertullian.org/fathers/jerome_chronicle_03_part2.htm

Ou seja, este texto está em um manuscrito mas não está em outro manuscrito, o que significa, com toda probabilidade, que é uma interpolação posterior feita por algum escriba (senão estaria nos dois manuscritos e não somente em um deles), o que torna a credibilidade dessa citação altamente questionável.

Vamos fazer os cálculos:

Dizem os estudiosos católicos que Pedro morreu no reinado de Nero em 69 d.c, outros colocam isto no ano de 67, e ainda outros no ano de 64. A tradição diz que ele exerceu o episcopado durante 25 anos. Subtraindo 25 de 69 chegamos ao ano de 44 onde afirma a tradição que Pedro chegou a Roma (HE. II – XIV) Esta tese encontra duas grandes dificuldades: A primeira é que o edito de Nero expulsando os judeus durou de 42 até 54, motivo também da expulsão de Áquila e Priscila. Pedro não seria exceção tampouco! A segunda é que, o livro de 1 Pedro foi provavelmente escrito entre 60 e 65 DC, e que por sinal não era de Roma mas de “Babilônia”, cidade existente naqueles dias (I Pedro 5:13). Se fosse de Roma que Pedro escrevia sua carta, onde nesse mundo ele diria que estaria num lugar, ESTANDO EM OUTRO?

Paulo foi a Roma, a sua primeira vez, como um prisioneiro, em virtude de haver apelado para o Tribunal de César, em torno dos anos de 60 ou 61, lá não encontrando cristãos entre os judeus. Ora, se S. Pedro estivesse em Roma pregando exclusivamente aos judeus como nos garante Eusébio, como se pode explicar a ignorância dos principias judeus de Roma, que disseram a Paulo: “Quereríamos ouvir da tua boca o que pensas, porque o que nós sabemos desta Seita (dos Cristãos) é que em toda parte a combatem”. Então Pedro, durante dezoito anos, poderia permanecer desconhecido dos principais judeus de Roma? Ele, a quem fora confiado o Ministério aos circuncidados no dizer de Paulo (Gal. 3,7-10) e de Eusébio Pámphili? 

Além disso, eles dizem que Evódio (o segundo bispo de Antioquia, sucessor de Pedro) começou a ocupar o cargo de bispo daquela diocese em 53 d.C, sendo que Pedro teria sido bispo dali de 37 d.C a 53 d.C (quando Evódio passou a assumir o cargo). Porém, pelas mesmas contas católicas, Pedro já estaria em Roma desde 42 d.C! Sabe o que isso significa? Significa simplesmente que durante onze anos Pedro esteve em dois lugares ao mesmo tempo! De 37 d.C a 53 d.C ele esteve sendo bispo de Antioquia, mas desde 42 d.C ele já estava como bispo em Roma!

Sendo que Eusébio na mesma obra declara:

2. Pedro, segundo parece, pregou no Ponto, na Galácia e na Bitínia, na Capadócia e na Ásia, aos judeus da diáspora; por fim chegou a Roma e foi crucificado com a cabeça para baixo, como ele mesmo pediu para sofrer.

(HE, Livro III, Cap 1, Verso 2)

Ele também afirma:

2. Pelas palavras de Pedro em sua Carta, da qual já dissemos que é aceita, e que escreve aos hebreus da diáspora, moradores do Ponto, da Galácia, da Capadócia, da Ásia e da Bitínia, percebe-se claramente em que províncias ele pregou a Cristo e transmitiu a doutrina do Novo Testamento aos que procediam da circuncisão.

(HE, Livro III, Cap 4, Verso 2)

A própria Enciclopédia “The International Standard Bible” diz:

“Babilônia permaneceu um foco do judaísmo oriental durante séculos, e, das discussões nas escolas rabínicas ali foi elaborado o Talmude de Jerusalém no quinto século de nossa era, e o Talmude de Babilônia, um século depois”

Pedro quis dizer exatamente o que ele escreveu. Ele era o “apóstolo aos circuncisos” (Gl.2:8), pois a evangelização dos judeus foi confiada a Pedro, enquanto que a dos não-judeus foi confiada a Paulo (Gl.2:7-9). Paulo deveria se dirigir aos gentios, e Pedro aos judeus (Gl.2:9). Portanto, Pedro trabalhou neste centro do judaísmo, como era a Babilônia, durante algum tempo, em que ele esteve escrevendo a sua primeira epístola, dirigida àqueles a quem ele anteriormente havia pregado o evangelho extensivamente na província da Ásia durante muitos anos (1Pe.1:1).

Inúmeros eruditos católicos tem percebido a total ilógica desta tentativa católica frustrada de colocar Pedro em Roma, e tem voltado atrás em sua interpretação de que a “Babilônia” de onde Pedro escrevia tratava-se de Roma. Dentre eles, podemos destacar Pedro de Marca, João Batista Mantuan, Miguel de Ceza, Marsile de Pádua, João Aventin, João Leland, Charles du Moulin, Luís Ellies Dupin e Desidério (Gerhard) Erasmo. Dupin, um historiador eclesiástico, foi além e disse:

“A Primeira Epístola de Pedro é datada de Babilônia. Muitos dos antigos compreenderam este nome como significando Roma; mas não aparece nenhum motivo que pudesse induzir S. Pedro a mudar o nome de Roma para o de Babilônia. Como poderiam aqueles a quem escreveu entender que Babilônia significava Roma?”

Diante do contexto, vemos que Pedro não estava retratando um cenário enigmático ou misterioso, como um código a ser desvendado pelos seus leitores. Sabemos que a “Babilônia” que João se refere no Apocalipse é enigmática porque todo o contexto apocalíptico é enigmático. Porém, o mesmo não se aplica no caso de 1Pe.5:13, que é simplesmente uma narração comum feita de modo simples, claro e direto, dizendo o nome [real] dos irmãos que estavam com ele, e da cidade [real] que ele estava escrevendo sua carta. Portanto, se os católicos querem enfiar goela abaixo que a Babilônia é Roma, terão além de tudo que distorcer o próprio contexto para favorecerem as suas teorias!

Portanto, a Babilônia citada por Pedro diz respeito a uma cidade real, não uma enigmática a ser desvendada por um enigma que fere a lógica, o bom senso e o contexto, mas sim a cidade da Babilônia situada junto ao Eufrates. A evidência histórica nos mostra que foi de lá que Pedro escreveu, pois havia uma considerável população judaica na vizinhança da Babilônia, nos primeiros séculos da era cristã. 


Desta forma, Pedro, ao pregar em um centro do judaísmo, estava cumprindo o seu papel de apóstolo aos judeus, diferentemente de Roma, em que ele estaria pregando aos pagãos, tarefa esta que era atribuição de Paulo (Gl.2:7-9). Vale ressaltar que a Babilônia do Eufrates, de onde Pedro escreveu a sua carta, fica a 3000 km de distância de Roma, eliminando ainda mais as chances de Pedro ser bispo daquela cidade do outro lado do mapa! Pedro não escreveu nem de Roma, nem para os romanos!

Ora, como Pedro teria fundado a Igreja em Roma e lá estado por 25 anos se ele só chegou a Roma DEPOIS DE UMA LONGA JORNADA? Não é ele mesmo quem afirma que Pedro “...por fim chegou a Roma e foi crucificado com a cabeça para baixo, como ele mesmo pediu para sofrer”? Isso sem contar que ele mesmo fala claramente que o centro da pregação de Pedro era “aos hebreus da diáspora, moradores do Ponto, da Galácia, da Capadócia, da Ásia e da Bitínia, percebe-se claramente em que províncias ele pregou a Cristo e transmitiu a doutrina do Novo Testamento aos que procediam da circuncisão.”

Perceberam a incongruência de Eusébio nos seus próprios relatos?

A lista de bispos romanos a contar de Pedro, segundo Eusébio, foram elaboradas e Hegesipo (110-180), entretanto, lembra Insuelas, “São muitíssimo escassos os dados da biografia deste escritor, aliás, muito conhecido e citado” (obr.cit., pág 102)

Além disso, há historiadores católicos que não coadunam com os relatos visivelmente contraditórios de Eusébio:

“A documentação que foi recolhida sobretudo por Eusébio de Cesaréia, na Hist. Eccles., é bem escassa e pouco segura. Também os catálogos dos papas, compostos em vista de uma demonstração apologética da sucessão apostólica, são bastante problemáticos. (...) Ainda mais incerta é a cronologia que Eusébio (+ 339) e, depois dele, o chamado catalogus liberianus (336 ou 354) tentaram fixar, sincronizando cada pontificado com os dados dos governos imperiais.” (Dicionário Patrístico e de Antigüidades Cristãs", edição conjunta da Vozes e da Paulus, 2002, pág. 1.076, em verbete da lavra de Basilio Studer, do Pontifício Ateneu Santo Anselmo, de Roma)

E esta:

"É certo que Pedro foi a Roma e aí sofreu o martírio; não tem fundamento histórico que tenha estado antes ou tenha fundado essa igreja". (Bíblia do Peregrino", da Paulus, anotada pelo Pe. Luís Alonso Schökel, pág. 2702, no comentário introdutório à Carta de Paulo aos Romanos.)

Poderia citar também o equívoco de Irineu de Lyon, ao citar em sua obra “Adversus Haeraeses” - Contra as heresias - que Roma foi fundada por Pedro e Paulo, mas nos foquemos apenas em Eusébio.

Vamos ver agora a cronologia completa de Pedro, com testemunhos tanto patrísticos quanto escriturísticos:

[37 – 40 d.C] 

1. Segundo a própria tradição católica, Pedro passa a ocupar o episcopado da igreja de Antioquia (HE, Livro III, 36:2). Os Pais da Igreja e os Concílios cristãos nos ensinam que um episcopado era irrevogável; portanto, ele não poderia ter se transferido e se tornado bispo de uma outra diocese, o que é repudiado pelo Concílio de Niceia sob a pena de excomunhão (Cânon XVI de Nicéia).

2. Pedro é citado estando em muitas cidades, tais como Jerusalém (At.8:1), Samaria (At.8:25), Lida (At.9:32), Cesaréia (At.10:1), Jope (At.10:5) e Antioquia (Gl.2:11); porém absolutamente nada é nos dito sobre a estadia dele em Roma, até o momento de Lucas concluir o livro de Atos, já em plena década de 60 da primeira era cristã, quando Pedro supostamente estaria no episcopado de Roma invisivelmente há 18 anos!

3. Os apóstolos não foram dispersos junto aos demais no episódio de Atos 8:1. Portanto, Pedro não foi para Roma, mas continuava em Jerusalém.

4. Quando Pedro e João foram enviados para a Samaria (At.8:14), eles voltaram pregando o evangelho em “muitos povoados samaritanos”(At.8:25), sem passar por Roma.

5. Pedro não ocupava a “cátedra de Roma”, mas, ao contrário, “viajava por toda parte” (At.9:32)!

[44 – 45 d.C] 

6. Por um bom tempo, os cristãos que foram dispersos não anunciavam o evangelho a ninguém, senão “apenas aos judeus” (At.11:19). Como os romanos não eram judeus, fica difícil conciliar a ideia de que rapidamente Pedro se instalou por lá, procurando algum judeu para pregar o evangelho!

7. Pedro não foi ocupar a catedral de Roma, pois ele é narrado em Jerusalém sendo preso por Herodes com a intenção de mata-lo, sendo liberto por intervenção divina (At.12:2-17).

8. Pouco tempo depois, Herodes é morto (At.12:23), sendo tal fato narrado por Flávio Josefo como tendo ocorrido no quarto ano do reinado do imperador romano Cláudio. Sabemos historicamente que este imperador romano começou a reinar em 41 d.C. Sendo que a morte de Herodes (que ocorreu na sequencia da libertação milagrosa de Pedro, em Jerusalém) ocorreu no quarto ano deste imperador, então se deu em 45 d.C. Logo, em 45 d.C Pedro permanecia em Jerusalém, e não em Roma.

9. Pouco tempo depois, Paulo se encontra com Pedro em Antioquia, tendo que repreendê-lo face a face por sua “atitude condenável” (Gl.2:11). Isso se deu após o seu encontro com ele em 44 d.C em Jerusalém (Gl.2:1), o que nos mostra que depois de 44 d.C Pedro continuava sendo bispo em Antioquia, e não sumido para ir ocupar a catedral de Roma! Antioquia fica no Oriente: muito, muito longe de Roma!

[48 – 52 d.C] 

10. Em 48 d.C, Paulo vai a Jerusalém e se encontra com Pedro, Tiago e João. Pedro, portanto, ainda se encontra em Jerusalém, estendendo a mão direita a Paulo e Barnabé, para a missão evangelística deles, em sinal de comunhão (Gl.2:9). 

11. Ainda nessa reunião, em 48 d.C, Paulo relata que ele e Barnabé deveriam se “dirigir aos gentios, e eles [Pedro, Tiago e João] aos circuncisos [judeus]” (Gl.2:9). Portanto, tendo em vista a decisão deles mesmos, fica claro que Pedro, Tiago e João permaneceriam tratando com os circuncisos (judeus), e não com os gentios (como os romanos). Essa decisão deve ter perdurado durante um bom tempo, de modo que depois de 48 d.C ficou decidido que Pedro continuaria se dirigindo aos judeus, e não aos romanos (gentios).

12. A conversão de Paulo ocorreu em 35 d.C, sendo que ele afirmou ter estado 14 anos depois em Jerusalém, onde diz ter se encontrado pessoalmente com Pedro (Gl.2:1). De 35 d.C a 49 d.C, temos exatamente estes 14 anos. Portanto, em 49 d.C Pedro continuava em Jerusalém.

13. No Concílio de Jerusalém, liderado por Tiago (At.15:13-21), todos os apóstolos, Paulo, Barnabé e alguns fariseus convertidos ao Cristianismo se reúnem em Jerusalém para tratar de questões acerca da lei para os gentios. Dois fatos são marcantes aqui: o primeiro, é que Pedro continua em Jerusalém, e não em Roma. E o segundo, é que, se Pedro fosse papa e Roma fosse a principal catedral da fé cristã (como hoje ocorre no catolicismo), tal Concílio ocorreria em Roma (a sede do papa), e não em Jerusalém, há muitos e muitos quilômetros de distância. Portanto, ou Pedro não era papa, ou ele não dirigia a igreja de Roma, ou as duas coisas.

[54 – 57 d.C] 

14. O imperador Cláudio, que reinou de 41-54 d.C, expulsou todos os judeus de Roma (At.18:2), motivo pelo qual Áquila e Priscila foram obrigados a deixar Roma (At.18:1,2). Será que Pedro, um judeu, da circuncisão, iria ser deixado em liberdade em Roma, sozinho, pregando o evangelho. Sendo que se eles foram expulsos de Roma por causa de Cristo, Pedro não teria continuado lá, ainda mais se fosse o líder máximo dos cristãos como os católicos alegam! Portanto, são mais vários anos em que era impossível Pedro estar em Roma sozinho, sendo o único judeu cristão que não foi expulso!

15. Lactâncio afirma que Pedro só veio a Roma quando Nero já estava reinando (Carta a Donatus, Cap.II). Sendo que Nero reinou de 54 d.C a 68 d.C, fica claro que ele não veio a Roma antes disso, como a Igreja Católica alega. Pedro só chegou a Roma no período daquele imperador romano que o martirizou quando ele lá chegou ao final de sua vida.

16. Pedro é mencionado como evangelista itinerante por Paulo (1Co.9:5). Foi neste período em que ele realizou as suas diversas viagens ao longo de toda a província da Ásia, no Ponto, na Galácia, na Capadócia e na Bitínia, a quem ele destinou a sua primeira carta (1Pe.1:1). Portanto, estava viajando por diversas partes da Ásia por um longo tempo, sem estar nem perto de Roma!

17. Entre 54-57 d.C, Paulo escreve a sua epístola aos Romanos, não menciona Pedro ao longo de toda a carta, e no final saúda nominalmente mais de 28 pessoas, mas não faz nem menção de Pedro! Pessoas como Estáquis, Apeles, Aristóbulo, Trifena e Trifosa são lembradas por Paulo (Rm.16:10,12), mas o suposto “papa” infalível é simplesmente ignorado! Será mesmo que Paulo se lembrou de tanta gente e foi inventar de esquecer bem exatamente do suposto “papa”? É claro que não. Paulo se “lembraria” de Pedro, assim como se lembrou do trabalho de Apolo entre os Coríntios (1Co.3:6), do trabalho de Epafras entre os Colossenses (1Cl.1:5-7), e do trabalho de outros 28 irmãos de Roma (Rm.16).Paulo foi se “esquecer” bem de Pedro simplesmente porque este ainda não havia chegado a Roma!

18. Paulo escreveu Gálatas entre 55-60 d.C, e faz menção de que ele era “apóstolo aos gentios” e de que Pedro, em contraste, era “apóstolo aos circuncisos” (Gl.2:8). Ele afirma que a pregação do evangelho aos incircuncisos [não-judeus] lhe havia sido confiada, e a pregação aos circuncisos [judeus] havia sido confiada a Pedro (Gl.2:7). Tendo em vista isso, é óbvio que Pedro, como apóstolo aos judeus (“circuncisos”), iria se dirigir aos judeus, não apenas em Jerusalém, mas onde havia centros do judaísmo, tal como a província de Babilônia de onde ele escreve a sua primeira epístola (1Pe.5:13), e não em Roma que era predominantemente gentia, incircuncisa e pagã!

19. É importante vermos as palavras de Jesus ao apóstolo Paulo: “Importa que dês testemunho de Mim também em Roma” (At.23:11). Incrível! Onde será estava Pedro, que não tornava conhecido o nome de Jesus nesta cidade, a ponto de ser necessário Jesus levantar o apóstolo Paulo para que o seu nome tivesse testemunho ali? Se Pedro fosse essa liderança tão importante, já estando testemunhando do Senhor nesta cidade há mais de vinte anos (conforme os cálculos dos católicos), então o nome do Senhor já teria testemunho naquele lugar. Portanto, cabe pensar que em 54-57 d.C ainda não havia tal testemunho de Pedro.

[61 – 62 d.C] 

20. Em 61-62 d.C, Paulo chega como prisioneiro a Roma, mas Pedro não é mencionado recebendo o seu colega de ministério. Considerando que era bem comum o gesto respeitável de receber os irmãos que estavam vindo à sua província, como Tiago fez com Paulo (At.21:18), é estranho que Pedro não tenha feito o mesmo com ele e recebê-lo em seu território. Mais estranho ainda é ver que durante dois anos em que Paulo esteve mantido em custódia e uma casa em Roma, Pedro não o foi visitar nenhuma vez (At.28:30).

21. Os “Atos de Paulo” relatam que apenas Lucas e Tito estavam junto com Paulo em Roma (10:1). Até momentos antes de seu martírio, são apenas estes dois que o acompanham em Roma, sem qualquer menção de Pedro (10:5).

22. Ainda analisando a chegada de Paulo a Roma, quando Pedro já deveria estar tornando o evangelho conhecido naquela cidade, é nos dito que os que lá estavam não tinham conhecido o evangelho, ao ponto de terem de marcar um dia determinado com Paulo, para que este lhes expusesse o testemunho do Reino de Deus naquele lugar (At.28:23-25). Se Pedro já estivesse há mais de vinte anos pregando ali, eles já estariam doutrinados e não desconheceriam a doutrina que lhes era anunciada por Paulo.

23. As cartas de Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemom foram escritas por Paulo no mesmo período (60-61 d.C), enquanto ele estava em território romano. Porém, em absolutamente nenhuma delas é relatado Pedro junto com ele, em Roma. Ao contrário, o que vemos é que:

Na carta a Filemom, é relatado cinco pessoas junto com Paulo em Roma: (1)Epafras; (2)Marcos; (3)Aristarco; (4)Demas; (5)Lucas – Fl.1:23-25. Misteriosamente, Pedro não aparece.

Na epístola aos Filipenses, Paulo menciona os do “palácio de César” (Fp.4:22), sem fazer qualquer alusão a Pedro ou dos da “cátedra de Pedro”.

---Na carta aos Colossenses, são mencionados: (1)Tíquico; (2)Onésimo; (3)Aristarco; (4)Marcos; (5)Jesus; (6)Epafras; (7)Lucas; (8)Demas – Cl.4:7-14. Além de Pedro não ser mencionado aí de novo, também é nos dito que os cinco primeiros (de Tíquico a Jesus) eram “os únicos da circuncisão que são meus cooperadores em favor do Reino de Deus” (Cl.4:11). Sabemos que Pedro também era do grupo da circuncisão (Gl.2:7,8); porém, Paulo menciona estes cinco como sendo os únicos que estavam colaborando com ele em Roma pelo Reino de Deus.Portanto, Pedro não estava em Roma, muito menos como bispo!

[64 d.C] 

24. Paulo escreve de Roma a sua segunda epístola a Timóteo, onde afirma expressamente que “só Lucas está comigo” (2Tm.4:11). Se Lucas era o único, então Pedro não estava com ele em Roma! Nessa mesma carta, ele envia saudações de vários irmãos, incluindo Êubulo, Prudente, Lino e Cláudia (2Tm.4:21,22), mas novamente não menciona Pedro.

25. Pedro escreve a sua primeira epístola, não de Roma, mas da Babilônia (1Pe.5:13). Alguns autores católicos tentam inutilmente sustentar a hipótese de que Babilônia era Roma (para salvar a tese do papado), mas falham miseravelmente ao não conseguirem conciliar diversos fatos incontestáveis, tais como:

A linguagem enigmática com relação à cidade de Roma não aparece em nenhum lugar na história antiga senão no Apocalipse, escrito por João em 95 d.C. Antes disso, não há absolutamente nenhum relato de Roma como sendo a “Babilônia”!

Em absolutamente todas as vezes em que algum autor bíblico ou secular fala acerca de Roma, o diz abertamente, sem rodeios. Foi assim ao longo de todo o livro de Atos, que foi escrito por esta mesma época, e que fala de Roma abertamente, sem “mistérios” ou “códigos” a serem desvendados através de “outros nomes” (At.28:14; At.28:16; At.19:21; At.23:11; At.18:2). Quando Paulo escreve aos romanos, alguns anos antes, ele não emprega “linguagem enigmática” e muito menos diz estar escrevendo “aos babilônicos”. Ao contrário, ele declara abertamente estar escrevendo aos romanos (Rm.1:15).

O mesmo acontece também quando Paulo escreve nesta mesma época a sua segunda epístola a Timóteo, falando de Roma com transparência, sem mistérios (2Tm.1:17). Portanto, se os autores bíblicos que escreveram na mesma época de Pedro não usaram linguagem enigmática para tratar de Roma, mas falaram abertamente sobre ela, por que então Pedro iria trocar “Roma” por “Babilônia”? Não faz lógica alguma, além de mutilar e esquartejar o critério bíblico, a lógica textual e o bom senso. As regras de exegese simplesmente aniquilam as pretensões católicas “enigmáticas”.

Um outro fator essencial e de profunda relevância é o fato de que, de acordo com a esmagadora maioria dos católicos, a “Babilônia” do Apocalipse é Jerusalém, e não Roma! Algum tempo atrás, um preterista católico negou que em 1Pe.5:13 Pedro estivesse se referindo a Roma. Para salvar a sua tese preterista de que Babilônia é Jerusalém, ele teve que admitir que era uma referência a Jerusalém, e não a Roma. O mesmo fazem os outros apologetas católicos que estão despertando neste sentido. Eles estão percebendo que a tese preterista deles do Apocalipse vai por água abaixo quando dizem que em 1Pe.5:13 a simbologia diz respeito a Roma, porque isso significaria que é Roma a Babilônia espiritual, o que eles não admitem em hipótese alguma.

Portanto, os católicos tem que ser criteriosos aqui: se a referência é direta e clara, então é realmente da província da Babilônia que Pedro escreve a sua carta. Mas, se a linguagem é figurada e enigmática, então eles têm que seguir as suas crenças de que a Babilônia espiritual é Jerusalém, e não Roma. De um jeito ou de outro, a tese de que Pedro escrevia de Roma vai direto para o espaço sideral. Ou, senão, é o critériocatólico que vai para o espaço (mas eu não duvido muito disso, visto que a falta de critério é o ponto mais forte dos “argumentos” deles). 

26. De acordo com os Atos de Xantipas - um pseudoepígrafo de grande valor histórico -, Pedro só cria o desejo de ir a Roma depois que Paulo partiu para a Espanha, e depois que ele já havia estabelecido a igreja de Roma e dela ter sido ameaçada pelo mago Simão (Cap.24). Sendo que o primeiro fato se deu entre 63-64 d.C e o segundo por volta de 61-62 d.C (adicionando mais um tempo considerável até Simão ter quebrado aquela igreja com doutrinas estranhas), fica claro que no mínimo até 64 d.C Pedro não havia chegado a Roma. Foi somente por esta época que ele criou o sonho de ir um dia visitar Roma, o que se consumaria alguns anos depois com o seu martírio naquele lugar.

27. Eusébio faz uma lista dos lugares por onde Pedro mais pregou Cristo e transmitiu a doutrina do Novo Testamento aos que procediam da circuncisão, e não inclui Roma em momento algum, conquanto que tenha mencionado outras cinco diferentes províncias (HE, Livro III, 4:2).


[66 – 67 d.C] 

28. Segundo relatos patrísticos, Pedro chega a Roma no final de sua vida (66-68 d.C), para ser martirizado, após ter pregado a palavra de Deus no Ponto, na Galácia e na Bitínia, na Capadócia e na Ásia, durante a maior parte de sua vida (HE, Livro III, 1:2).

Fonte: Apologia Cristã

Conclusão

As afirmações de Eusébio, apesar de serem corretas em alguns pontos, falham miseravelmente no tocante a tentar colocar de qualquer forma Pedro em Roma como seu primeiro Bispo e presidente Episcopal. Apesar de ser um escritor requisitado, infelizmente seus relatos não apresentam credibilidade nesse sentido. Portanto, respondendo a pergunta-tema desse artigo:

 



PODEMOS CONFIAR EM EUSÉBIO DE CESARÉIA?

A resposta é um grande e enfático NÃO!

Em nome da verdade e do Evangelho de Cristo

Caiafarsa do Caiafarsa

Deus nos abençoe.


 

Algumas "objeções" contra esse artigo... e que foram devidamente muito bem refutadas:

Objeção Católica

 

refutando um católico

 

refutando um católico

 

 Marlan Alves Santana Batista

 

Bom, nem é preciso expor tudo aqui, podem ir direto ao link original da postagem (aqui)!!


 

 

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